Eu tava ali parado, sem sentir nem pensar. Ela veio, chegou, parou do meu lado. Um sorriso besta, assim, sem querer muita conversa mas já falando como foi o dia e outras coisas que mulher só pergunta pra passar o tempo. Eu nem queria tanto papo assim. Ela queria era aporrinhar o juízo mesmo.
Toda hora eu pensava na outra, na outra e na outra. Era um dia de chuva e a janela tava embaçada. Mais por minha causa, que bufava nela de impaciência daquela pessoa ali, ao meu lado, sem nada de bom pra falar. Tudo o que ela dizia era abobrinha, perrenhe, problemas. Eu tentava dar um sorrisinho assim, nojento igual o dela, mas tava chato já.
Tudo o que eu queria fazer, naquele momento, era gritar.
Mas eu não queria. Não podia. E não devia.
Voltamos pra casa. De mãos dadas.