terça-feira, 29 de março de 2022

Sem forças, sem dor

Eu expio a dor sem um grito, um rompante
Abundante que é o desejo de ficar nesse instante
Mas há um hiato ferino de sentimentos e alegrias
E mesmo à luz de qualquer canção, já não mais serei poesia!

Quando foi tão enfadonho o pulsar do coração?
Quando os lábios não sonharam mais com os rios desaguando em nossas mãos?
Como selvagens cervos da mata escura perdeu-se em caçada
E sem rastros, deixei de ser um caçador tão forte desta jornada

E o que há de mim sem a doçura das tuas frutas maduras
Longe dos cantos e lamentos de um uivar que perdura
E eu só queria um momento, onde pudesse te guardar da tristeza
Mas esse momento parece que se foi há muito, com certeza.

Não há mais o que dizer, pensar ou fazer
Quando vejo de longe esse barco no rio morrer...