sábado, 17 de fevereiro de 2024

Eulália

Há tempos de vendavais
Quando eu pousava nos areais
Vagava areia, pedra e sal
Cantava pelo matagal

Quando encontrei na gruta antiga
Até então quem não era amiga
Dada idade que ela tinha
Olha de morte que não minha

Guardava segredo das pedras e plantas
Ditava quem o Cardeiro espanta ou canta
Fria como na Andorinha a ventania
Era Eulália, velha guardiã da poesia

Era quem guardava os versos das correntes
Dos peixes e gaivotas presentes
Senhora das aranhas em suas teias
Velha serpente que jamais pisa a areia.

Dizem Eulália ser finada Firmina
Dizem a cobra ser a morte ferina
Eu digo que é tão velha quanto a pedra e o mar
Serpente que guarda a vida a sibilar...