No olhar soturno e seco
Sem sombra fria de dúvida cruel
Arriscando um pedaço de céu
Dentro de um comprido beco
Estava uma garotinha
Sentada, ali, quietinha
Como uma gota de chuva perdida
Que sozinha se achava, caída
Ela nem rezava, ou chorava
A garotinha só olhava
Mas era dona do seu nariz
Esse sempre por um triz
Ela gostava de sorrir
Mas não sorria para todos
Como que sempre a fugir
Ela se mostrava em engodos
Mas eu sei que ela tem encanto
Um riso no canto da boca
Um olhar nada, nada santo
Como quem diz "eu sou louca"
Mas eu vi nela razão
Ela tão fada, sozinha
Consigo e seu coração
Simplesmente, quietinha...
A fada quietinha
Na calada da noite
Sentada, sozinha
Um sorriso e um açoite
Cantou a balada
Do bardo, perdido
Na madrugada
Que tinha esquecido
Da pequena fada...