quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Barzinho a Dois

Ela chegou, assustada. Um beijo longo na noite, o som tocando pesado. Nada de novo.
Ele a tomou pela mão cheia de anéis e uma pulseira que ela sabia que era bijuteria, mas foi presente dele e por isso era perfeita.

Os dois sentaram à mesa mais próxima do palco. Tocava "Grenade" do Bruno Mars e não era ele (o namorado) que cantava, mas o olhar dizia que a letra era pra ela. O cabelo solto dela tinha um perfume que ele podia sentir até de outro bar, de tão enfeitiçado. Cabelos longos, loiros e um olhar leve, mas que buscava o bom do amor, sem aguar. Eles eram um oásis no canto do bar, naquele muro de maravilhas. E se olhavam, um em cada canto da mesa. Ela com um jeito sereno, uma saia jeans curta que combinava com a blusa preta e que era mais que tudo, menos simples, pra ele. E tudo estava pintado em preto por causa de alguma música que ele nem se tocava do que podia ser - quem dava a música era o olhar castanho dela. E tudo era bom, era perfeito. Eram dois e o músico, a balada certa e um encontro de lábios. perfeito.

Enquanto isso, algo na música dizia pra ela "sou seu", e isso nunca foi tão verdadeiro pra ela, que apertava a borda dos chinelinhos brancos com os dedos e ansiava por um beijo dele. A pele de marfim já era carmesim a cada olhar. Brincos de pena pendiam nos cabelos, como se fossem parte  do rio negro de alguma índia dourada nas selvas de paixão dentro do coração dele. Era uma verdade aquela boca madura que ele desejava. Era pura santeria, e sem bola de cristal.

O show rolava. Ela linda, e ele apenas mais um cara na mesa.

Mas dessa vez, era o cara perfeito...