Às vezes eu queria sumir...
Às vezes eu queria ir
E nem posso confortar
A dor da partida.
Às vezes, pesadelos me consomem
Às vezes, não me sinto homem
Só o animal que não some
Esqueço até meu nome
Eu não tenho forças para ser
Ou desejar um amor perfeito
Ou ainda mergulhar e ver
Na Criatura em mim que aceito
Eu não sou marido
Nem filho ou irmão
Sou homem dividido
Sem paz em meu coração
Sou música destoada
Nesta manhã tão fria
Como rima pobre que faço
Nessa pobre poesia
Sem lembrança da madrugada
Ou do papel que amasso
A minha alma é só tristeza
Eu devoro o monstro em mim
Sem o mínimo de pureza
Par de asas já cortado
E estampada a franqueza
Deste diabo encarnado
Matador de querubins...