domingo, 26 de maio de 2019

Soneto do Encontro da Estrada

Há um par de faróis sombrios na triste escura estrada
Onde o lobo vinha em sua noite à fiel caçada
Olhar atento ao asfalto negro da memória
Rosnando ao aço letal de forma tão simplória

Metal e carne desfazem a débil existência
Em um lancinante clamor pela vida em essência
Couro e ferro, sangue e borracha, sem mais agride
O lobo caído na estrada até então reside

Como um vento de morte certa o monstro assim passa
Da narina corre o sangue e a alma desenlaça
O que antes era o rei da noite agora não uiva

Jaz lançado e inerte abrigado naquela curva
Fora dos prados onde costumava caçar
Banhado em leito de concreto ao triste luar