segunda-feira, 27 de maio de 2019

Soneto do Silêncio

O grito que foge à boca da língua não sai
Mil palavras a quem hoje o pranto não se vai
No escuro que doma a vontade do verbo em mim
Ainda que haja então a vontade de gritar sem fim

Como lamento ante o amor que hoje não posso dar
Como veneno que sufoca e tira o meu ar
Sombrio e frio é o desejo de me calar
Quando há um carrasco nesse seu cruel olhar

Tira de mim a triste face da minha fraqueza
Congele assim o coração, rei da incerteza
Para que eu possa então como um simples bobo dançar

Para que haja paz no furor deste apaixonar
E encontre de volta o caminho do teu mar
Onde eu farei morada quando me deixar entrar