Pra quem se dá palavras quentes
O som do silêncio é o frio cortante
Nada parece mais ser como antes
Quando um erro do verbo é tão presente
E ainda corre nas veias a bruma densa
Um vislumbre de terror sob a luz da lua
Quando se mostra em face a tristeza crua
Cuja dor é mais ferina que se pensa
Há um dourado dos olhos tão forte
Esse brilho tal que não se rende à dor
E só tardiamente se percebe a sorte
De guiar esse brilho onde ele for
Mas a força ainda é maior no amar
Pois a fé de que ele cresce é permanente
Cura feridas e a aplaca o pesar
E nos dá a entrega livremente