terça-feira, 9 de novembro de 2021

Soneto das Águas em Êxtase

Quem me dera que nesse dia frio de chuva
Fosse tua a memória quente do meu abraço
Lembrada em cada pingo na água turva
Em poças de um colo onde já não nasço

Da carne de pêssego que agora tão madura
Ao suave deslizar das ondas sobre a areia
Em um canto longo e forte do ventre de uma sereia
Despida em olhares de volúpia na maré escura

Dançando em segredos nas ondas em cada negro fio
Caudalosa em seu balanço suave com a força da lua
Um fenômeno que traz força enquanto me pega, assustado

Em encantos dessas dunas que formam a silhueta nua
Da serpente que lentamente encara a corrente do rio
Acordo com o sabor quente de tudo em você que me é agrado.