Eu sinto falta
Nas luzes do raiar do dia
Que me enchem de poesia
Eu sinto o ar a faltar
Pois mesmo nessa alegria
De um novo ano estrear
Penso na noite fria
Que ele teve a nos deixar.
Sinto falta dos sorrisos
Das piadas e dos frisos
De poesia a nos saltar
E hoje, com um rosto liso
De chorar horas a fio
Exibi semblante sombrio
Por quem não nos vem chamar
E faz falta, homem, como faz!
Cada leitura sua
A verdade nua crua
Que não te provava incapaz!
Ainda que a noite sua
Fosse fria, longa e sem lua
Sua vontade assim se faz
E ao raiar do meu dia
Ante minha estrela guia
Eu provo embates letais
E assim você se vai
Como aquele Mestre do Sarau
O capitão da nossa nau
Deixando entre nós um "ai!"
E ainda assim, os convoco
Nossas vozes em um do bloco
Que cessem agora de chorar.
É tempo de voltar.
Os sinos estão a tocar
A fogueira em nós a queimar
O sarau não pode parar
Quem de vocês desistia
Na calada da noite fria
Após o poeta chorar?
Eu claramente clamo, agora
Nossa força de outrora
Em homenagem ao poetista
Que nos legou, otimista
Nossa verdade lá fora.